Música para ver e carioca sangue bom

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A noite desta sexta-feira protagonizou dois eventos completamente diferentes, mas que ao mesmo tempo mostraram a dimensão que uma boa música pode alcançar.

* O SESC Avenida Paulista, dentro do projeto Trilhas Metragens 2009, exibiu três curtas do cineasta norte-americano Buster Keaton (1895-1966). Filho de artistas, Keaton teve o ilusionista Houdini como padrinho artístico e desfruta do mesmo prestígio de Chaplin quando o assunto é a era muda do cinema hollywoodiano. Como se não bastassem todos esses predicados, Buster Keaton ainda ficou conhecido como “O rosto de pedra”, já que concentrava sua interpretação nos movimentos corporais e não em caras e bocas. Confesso que nunca tinha visto nenhum trabalho do comediante, mas sua história despertou meu interesse, ainda mais quando soube que a sessão seria acompanhada por uma banda. Isto mesmo, o grupo Gargântua, especializado em acompanhamento musical para filmes silenciosos, ficou responsável pela trilha sonora. O trio, composto por piano, violão e percussão, interagiu de forma sensível e decisiva para a plena apreciação da experiência – uma iniciativa original desde o título, sin(f)tonia, mas que volta-se para os primórdios do cinema, quando as sessões eram acompanhadas por música ao vivo .

* Quem também se voltou para o passado foi Fernanda Abreu. A carioca foi convidada pelo SESC a integrar o projeto Influências de março. Como o próprio nome entrega, no show realizado na unidade Vila Mariana, o artista do mês apresenta um repertório exclusivo, só com cantores e compositores que exerceram algum tipo de influência em sua carreira. No caso de Fernanda, não podiam ficar de fora artistas como Michael Jackson (“Rock with you”) que a cantora “sempre quis pegar”, Jorge Ben Jor (“Jorge de Capadócia” e “Eu vou torcer”) para quem Fernanda compôs “Zazue” e Lenine (“Jack soul brasileiro”) que compõe “com os pés na terra, mas a cabeça no céu”.

Porém, o destaque da apresentação foi a versão de “Kátia Flávia, a godiva do Irajá”. Sobre a base de “Oye como va”, clássico mexicano, Fernanda Abreu misturou a louraça Belzebu com o funk carioca “Só as cachorras” do Bonde do Tigrão. O resultado? Provocante, sofisticado e surpreendente. Antes do ‘branco’ em “Sou brasileiro”, a carioca sangue bom explicou a origem de tanto suingue: “Minha musicalidade vem da dança!”.

Tanto no cinema quanto na dança, a música mostrou-se, mais uma vez, uma ótima companhia. E é na companhia de Barry White que finalizo este post. Ah, coincidentemente (ou não?!) ao som de “Let The Music Play”.
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Porque sim!

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Foi com essa frase que Zélia Duncan respondeu aos que a questionaram sobre o porquê a cidade de São Paulo foi a escolhida para receber os últimos shows de Pré-Pós-Tudo-Bossa-Band. Na estrada desde 2005, ano em que lançou Pré-Pós..., a compositora carioca disse que devia uma à cidade que sempre a acolheu de braços abertos.

E desta vez não foi diferente. A plateia que ocupou todos os 1.010 lugares do Teatro Paulo Autran no último final de semana não perdeu o fôlego nem por um momento. O público, majoritariamente feminino, cantou todas as músicas (de sucessos como “Carne e Osso” a lados b como “Não”) brincou com a cantora (alterando algumas frases de “Verbos Sujeitos”) e iluminou o bis quando alguns fãs acenderam seus colares fluorescentes durante a execução de “Alma”.

Se por um lado o público deu um show a parte, Zélia pagou com juros e correção monetária sua dívida com a terra da garoa. Durante os 100 minutos de apresentação, a cantora mostrou toda sua versatilidade num repertório que incluiu rock, samba, blues e uma boa dose do som marginal de Itamar Assumpção. O “maldito da MPB” foi lembrado por meio das canções “Vi, não vivi” e “Milágrimas”, esta última um dueto entre Zélia e Anelis Assumpção – filha do cantor. Anelis ainda voltou ao palco para participar do animado bis que pôs fim a longa turnê de Pré-Pós-Tudo-Bossa-Band.

Com a certeza ter cumprido (muito) bem seu papel, Zélia Duncan despediu-se agradecendo seu público fiel e, merecidamente, sua competente banda.
Aos fãs, resta esperar por um novo álbum e sua respectiva turnê, que pode muito bem começar por São Paulo. Por quê? Ah... Porque sim!

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A volta do Rei

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Essa notícia é um pouco velha, mas vale a pena ser comentada. Michael Jackson anunciou uma série de 10 shows em Londres. O fato foi pouco repercutido pela mídia, talvez pela descrença em relação ao próprio Michael. Nos últimos anos, o “Rei do Pop” só aparece envolvido em polêmicas. Pedofilia, dívidas, shows cancelados, filho pendurado na sacada de hotel, discussões mais do que ultrapassadas sobre a cor de sua pele. Enfim, só coisa ruim. O lançamento de uma versão especial do álbum Thriller foi um dos únicos fatos positivos. Para quem não sabe, Thriller é o álbum mais vendido de todos os tempos. Um dia faço uma resenha sobre esse disco, mas posso adiantar que é muito bom.

Sobre os shows em Londres, acho que ninguém sabe o que esperar. Nem o próprio Michael. Será que ele tem fôlego pra cantar e dançar durante duas horas?? Mesmo que tenha, será que a performance será a mesma de 15 anos atrás ou quem estará no palco é apenas uma caricatura de um grande artista?

Michael Jackson influenciou a música pop como nenhum outro artista conseguiu até hoje. A grandiosidade de seus shows, o dinheiro envolvido e é claro, a boa música, fizeram dele um gênio.

Sua vida pessoal é discutível, mas também é justificável pela infância que ele nunca teve. Líder dos ‘Jacksons 5’, o astro é pressionado a fazer sucesso desde muito novo. Como já contou em algumas entrevistas, o pai batia nele e em seus irmãos se errassem durante os ensaios. Ninguém sabe como essa infância traumática influenciou no seu comportamento como adulto.

Agora só nos resta esperar pra ver se esses shows animam o cinqüentão a voltar fazer boa música.

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Ressaca!

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Fazendo jus a máxima de que o ano só começa depois do carnaval, inicio hoje minha humilde participação neste blog. Para compensar a ressaca pós-folia, falo de três eventos que aconteceram no final de semana passado.

* No último sábado o grupo de pop rock Ludov se apresentou no SESC Ipiranga. Assim como as marchinhas de carnaval, o show foi marcado por melodias simples, temas cotidianos e um ritmo dançante e suave. Além dos sucessos “Princesa” e “Kriptonita”, a banda, que viajou no dia seguinte para começar as gravações do novo álbum, tocou as inéditas “Amanhã” e “Sob a Neblina da Manhã”.

* Ainda no dia 28, o palco do SESC Vila Mariana recebeu o espetáculo Stagium dança Chico Buarque. Num cenário que remetia a um teatro abandonado, a companhia deu vida a canções como “A história de Lily Braun” e “Beatriz” interpretadas por Leila Pinheiro e Milton Nascimento, respectivamente. O carnaval foi lembrado na divertida coreografia de “Morena de Angola”. Porém, a apoteose da apresentação foi a performance de “Roda-viva”. A gravação original de Chico foi acrescida de trechos do poema E Agora, José?, de Carlos Drummond de Andrade, declamado pelo saudoso Paulo Autran.



* Para fechar o final de semana, Fernanda Takai levou o cd Onde brilhem os olhos seus para Santana. No show, baseado no repertório de Nara Leão, não poderiam ficar de fora “Insensatez”, “Estrada do Sol” e “Seja o meu Céu”. Chico Buarque se fez presente na inusitada versão de “Com Açúcar, Com Afeto” e o carnaval (ah, o carnaval!) foi lembrado logo no início da apresentação com “Ta-hi”.
No entanto, foram nos momentos em que se afastou um pouco de Nara que Fernanda mais se aproximou da platéia. Os improváveis covers de Eurythmics (“There Must be an Angel”), Duran Duran (“Ordinary World”) e Amy Winehouse (“Rehab”) surpreenderam não só pelo ótimo resultado alcançado, mas também pela divertida explicação que a cantora concedeu antes de cada música. A afiada banda que acompanha Fernanda - capitaneada pelo multi-instrumentista e diretor musical John Ulhoa - e o sensível trabalho da equipe de iluminação também merecem destaque. Ah, o show foi gravado e, em breve, será exibido pela TV SESC - quando souber a data aviso. Por enqunato fiquem com vídeo que a nossa colaboradora Marcela Figueiredo fez para "Rehab".

vídeo: Marcela Figueiredo

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